Entre dois homens da política, potencialmente em convergência com uma frente comum alternativa, o mais natural é que a política fosse o tema forte, ficando-se pela curiosidade que só o tempo e os contornos do pós eleições poderão esclarecer.

Élvio Sousa é o secretário-geral do partido Juntos Pelo Povo, o JPP. Um cargo que, na prática, e no partido em particular, representa a "cara" para o exterior, no fundo quem define a estratégia para a missão que o JPP estabeleceu muito recentemente durante o Congresso que legitimou as lideranças e deixou no ar uma "efervescência" adiada relativamente às autárquicas, um tema para retomar depois das regionais de 23 de março, na prática para não fazer mossa já.
Mas por aquilo que JPP colocou como fasquia, é verdade que Élvio Sousa tem de acelerar objetivos e meios para lá chegar, sendo que a lista para a Assembleia não deverá sofrer grandes alterações por comparação com a última que foi colocada o eleitorado. Quanto a negociações visando integrar um projeto governativo, é diferente, pode haver algo novo, o JPP está disponível para negociar e já disse que pretende fazer parte da solução de estabilidade e não no problema e da instabilidade. Prefere, naturalmente, uma alternativa ao Governo do PSD, dentro da linha de pensamento sobre os quase 50 anos de governação social democrata. Mas agora, julga-se, para fazer diferente do que fez quando apresentou um acordo de 20 deputados, com o PS, quando precisava de 24 (maioria absoluta) para levar ao Representante da República. E se o tivesse feito nessa dimensão (24), certamente Ireneu Barreto seria obrigado a tomar outra decisão, pela estabilidade e pela governabilidade.
Mas como disse Élvio Sousa, na RTP-M, os partidos, o JPP no caso, também aprendem com as situações, e pede tempo a Marcelo para permitir negociações pós eleitorais sem a pressão das últimas pela escassez de disponibilidade para o efeito.
Nessa entrevista, Élvio Sousa fala de Cafôfo como sendo igual a Miguel Albuquerque na fraca popularidade, o que sendo o PS o partido com quem o JPP, em princípio, vai negociar em primeiro lugar se os resultados andarem pela mesma bitola, não deixa de ter uma leitura esta desvalorização do líder socialista.
Talvez por isso, ou nem por isso, por estarmos apenas no domínio da leitura especulativa, o dia depois do Congresso ficou marcado por um encontro informal entre o secretário-geral do JPP, precisamente Élvio Sousa, e o atual vereador da Confiança e antigo presidente da Câmara do Funchal Miguel Silva Gouveia, um socialista novo na militância, mas sobre o qual poderão recair alguns apoios futuros no que se prende com as cúpulas socialistas, defendendo dos resultados, quem sabe mesmo para a liderança.
Sabe-se que bem recentemente, aquando do desafio de Carlos Pereira a Paulo Cafôfo, que levou o líder socialista a convocar eleições, Miguel Gouveia foi um dos nomes avançados para potenciar uma eventual candidatura, o que na verdade não passou das intenções. E foi a melhor decisão em termos de atitude visando o futuro, uma vez que Miguel Gouveia ficou com a "folha limpa" enquanto Carlos Pereira ficou numa posição muito difícil, sobretudo se há um mau resultado nas Regionais e a liderança de Cafôfo voltar a ser questionada, então certamente esses resultados legitimando uma alternativa.
Não se sabe o teor da conversa neste momento num segundo andar de café citadino, mas entre dois homens da política, potencialmente em convergência com uma frente comum alternativa, o mais natural é que a política fosse o tema forte, ficando-se pela curiosidade que só o tempo e os contornos do pós eleições poderão esclarecer.
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