A declaração foi da deputada do CDS Sara Madalena na RTP-Madeira, que não sendo surpresa até conseguiu surpreender...
A "revelação" da deputada do CDS Sara Madalena, na RTP-Madeira, sobre a negociação "pessoal" de José Manuel Rodrigues, com o PSD-M, para ser presidente da Assembleia, não foi propriamente uma surpresa, mas de facto surpreendeu. Não foi surpresa atendendo a que toda a gente já tinha percebido que essas negociações, esta e a anterior, faziam parte de um projeto pessoal, a diferença é que no primeiro caso não era o líder do CDS-M e neste segundo caso é o líder do partido. Foi surpreendente devido à frontalidade e transparência da deputada, que assim de repente coloca José Manuel Rodrigues a discutir um cargo pessoal à conta do cargo político partidário.
Não é que estas coisas sejam novidade desde que o PSD perdeu a maioria e precisou do CDS para a maioria absoluta e, por via disso, José Manuel Rodrigues negociou, pela primeira vez, a presidência da Assembleia, um cargo que no entendimento de muitos militantes do PSD-M deveria ter sido entregue a uma figura do partido mais votado. O "sacrificado", na altura, foi Trabquada Gomes. Na segunda vez, ainda foi pior, o PSD-M entrega a presidência da Assembleia, de novo, Rodrigues, mas sem garantirva maioria absoluta, garantia 21 deputados e precisava de 24. Desta vez, o "sacrificado" foi Cunha e Silva, antigo vice de Jardim, que se candidatou a deputado para ser presidente da Assembleia. Como não foi, também não ocupou a bancada de deputado. Ficou com o "prémio de consolação", a liderança da comissão responsável pelas comemorações dos 50 anos da Autonomia, cuja primeira medida foi o feriado de 2 de abril, já assinado e mandado publicar pelo Representante.
Com esta declaração de Sara Madalena, que separou a negociação de José Manuel Rodrigues e a instituição partido, levanta-se aqui uma questão deveras pertinente sobre a representatividade das instituições, a ética e a responsabilidade. Não é bonito que os líderes exerçam influência para projetos pessoais se os mesmos não forem do interesse do partido e, se for o caso, tenham o protagonismo e o compromisso do próprio partido. Para que não se passe à prática aqueles personagens que a saudosa Ivone Silva interpretava com tanta piada, da Oliva patroa e Olivia costureira.
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