"Há muito tempo que o meu nome não serve para nada e que não conta nos planos da diocese". Fala em "vingança fria ou uma fuga para a frente com medos injustificáveis".
"Não fosse a minha vontade de me sentir mais aliviado dos encargos que me saturam em cansaços, para todos os efeitos, recusar-me-ia sair..."
Afinal, a saída do padre José Luís Rodrigues da Paróquia de São Roque, no meio de várias alterações operadas pelo Bispo D. Nuno Brás nas paróquias da Região, não foi tão "pacífica" como à partida poderia parecer. O pároco, que vai ficar apenas com a Paróquia de São José, tem sido uma voz de certo modo incómoda na Igreja Católica, uma espécie de "desalinhado" relativamente ao chamado "sistema", o que historicamente implica uma coexistência muito tensa entre o "desalinhamento" e as cúpulas da instituição.
O mais recente episódio que coloca José Luís Rodrigues em "rota de colisão" com o Bispo do Funchal prende-se com o processo de nomeação de um novo pároco para São Roque, o que desde logo implica, sem que tenha sido oficialmente mencionado, o afastamento/saída do anterior, precisamente o padre José Luís. Que num escrito publicado no Facebook, numa sua rubrica "Escrever na água" , coloca em questão atitudes, procedimentos e dualidade de critérios por parte do chefe da Igreja Católica na Madeira. O "retrato" que faz dos contornos da mudança levada a cabo pelo Bispo, deixam Nuno Brás "mal na fotografia". Diz que "o sr. bispo revelou-se cansado outra vez para o que lhe interessa ou alimenta a alma. Apenas nomeou. Não dispensou ninguém como sempre tem sido e como deveria ser. Porque até não sei se isso não levanta algum problema de legitimidade jurídico-canónico, deixo isso para o especialista em Direito Canónico, o neo-Vigário-Geral da Diocese do Funchal".
E acrescenta: "Toda a gente ficou sabendo o que se vai passar pelo diz-se diz-se, por alguma comunicação social e pela minha palavra na igreja, mas não sabe oficialmente por quem de direito que a Paróquia de São Roque tinha Pároco e que este seria dispensado para entrar um novo. Por mim não me sinto lesado, mas acho que zela na falta de respeito a um povo, uma comunidade e uma paróquia que celebrou este ano os seus vetustos 445 anos. Eu não sei o que é que categoriza as pessoas e as situações, porque procuro tratar tudo por igual, mas que há coisas esquisitas, lá isso há".
O padre José Luís escreve: "O meu nome não consta, bem, eu até sei e já me convenci há muito tempo que o meu nome não serve para nada e que não conta nos planos da diocese. Por mim, tudo bem. Afeta um pouco, mas não muito.
O sr. bispo Nuno Brás não apresentou nenhum critério para serem as coisas deste feitio no seu pomposo decreto sobre as nomeações das mudanças de párocos 2024-2025. Até porque na dispensa do Vigário Geral cessante e para o que entrava deixou bem claro no decreto publicado, que seriam dispensados e assumiriam novas funções ou mantinham as anteriores. Duplos critérios? Ou duplas categorias?"
As entradas dos novos párocos é outra revelação de duplicidade de critérios, importâncias e categorias. Siga o barco para o abismo que a banda não larga de tocar.
Não havendo critério válido para que o meu nome não constasse no decreto das nomeações dos «soldados rasos» (essas malditas patas rapadas dos padres ou párocos) da diocese, tomo como uma vingança fria ou uma fuga para a frente com medos injustificáveis.
Não fosse a minha vontade de me sentir mais aliviado dos encargos que me saturam em cansaços, para todos os efeitos, recusar-me-ia sair sem que houvesse uma justificação plausível para o sucedido.
Mas, descansem as hostes porque não me tomo a baixezas vis que não adiantam nada para as pretensões dos bens mais elevados que se almeja, principalmente, a saúde mental e espiritual do visado".
E o padre também escreve: "Estou deveras com alguma pena do sr. bispo Nuno Brás. Está cansado não só de eleições, como foi abundantemente noticiado pela comunicação social, no contexto daquele jogo malandro do empurra antes da aprovação do Programa de Governo Regional da Madeira".
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