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Os partidos estão a definhar

Foto do escritor: Henrique CorreiaHenrique Correia



O PSD é um partido de cedência, mais do que de negociação, troca cargos e pessoas em vez de políticas, sacrifica militantes em troca de apoios que compensam as suas perdas. Tenta segurar a governação com benesses. Mas o PS não fez a parte que lhe compete.




Os partidos políticos tradicionais, os que se situam na chamada esfera do "arco do poder", estão em modo de pré falência ideológica e de neblina quase permamente na sua atividade político partidária. Vêm perdendo votos, não seguram quadros, sobretudo quando não estão no poder, foram perdendo lideranças carismáticas e mobilizadoras, e foram obrigados a uma estratégia que fez com que as coisas viessem ocupar o lugar das causas, contribuindo assim para desvirtuar princípios e ceder a forças emergentes que surgiram precisamente pela letargia reinante do instituído que muitos pensavam ser para a vida.

Esta realidade, que já era visível em algumas partes da Europa e internamente tinha chegado à República, já está instalada na Madeira. E só não é mais notório no sentido da expressão nas urnas porque o PSD consegue ter uma parte do eleitorado clientelar e outra parte um eleitorado de clube, com uma terceira variável, mas também, e com grande influência, porque o PS Madeira não tem feito a sua parte enquanto principal partido da oposição. E isso facilita muito a quem tem a máquina na mão. 

O PSD Madeira vem perdendo expressão. Ganha eleições, ganha há 48 anos, ganhou agora num contexto muito difícil em que o líder está sob suspeita e ainda assim resiste, mas a verdade é que vem perdendo votos, vem perdendo deputados e está cada vez mais refém de pequenos partidos, deixando de ser aquela força política de impacto para ser uma força política que conta menos consigo e muito mais com os outros. É um partido de cedência, mais do que de negociação, troca cargos e pessoas em vez de políticas, sacrifica militantes em troca de apoios que compensam as suas perdas. Tenta segurar a governação com benesses. Primeiro precisou de um, depois de dois, agora nem com três consegue a maioria absoluta. É um tempo novo, já ninguém tem maiorias absolutas. Mas o PSD não pode assobiar para o lado como se nada estivesse a acontecer, como por exemplo o facto de sensivelmente 89 mil pessoas que não votaram PSD.

Mas o PS tem responsabilidades. E grandes. É o principal líder da oposição e não cresce, não faz a sua parte, a parte que lhe compete para poder negociar com crescimento e, com isso, talvez apresentar uma alternativa. O PS não pode querer ser alternativa apenas com o crescimento dos outros, como aconteceu com o JPP, este sim, fazendo até mais do que era previsível. Com um PS de crescimento, a alternativa não teria 20 deputados, talvez pudesse ter mais 3 ou 4, que era o que se exigia a uma nova liderança que tinha a obrigação de superar os resultados de Sérgio Gonçalves, que era claramente um líder sem chama, embora sem discussão ao nível da capacidade técnica. Não tinha carisma e não era difícil fazer melhor. Só que não aconteceu mesmo num contexto muito favorável ao crescimento da oposição. E por essa falta de confiança, o eleitorado preferiu os partidos emergentes.

Os partidos do "arco do poder", embora na Madeira o "arco" seja só do PSD, devem rever a sua ação partidária, devem valorizar os seus órgãos, devem ter líderes que respeitem esses órgãos e as bases, sempre e não só em períodos eleitorais. Não como agora em que as estruturas dos partidos não funcionam, são meras caixas de ressonância e as lideranças põem e dispõem a seu belo prazer, onde os interesses se sobrepõem aos valores.

Depois, surpreendem-se...

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