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Foto do escritorHenrique Correia

O povo não vai ajudar, o povo vai decidir...



Estaremos, enquanto eleitorado, com uma maturidade para "mudar" de ajuda para decisão? Não sabemos se é ainda possível, é um processo complexo, mas o futuro passa por aí.




Sabemos bem que o eleitorado madeirense tem caraterísticas muito específicas. Tal como a Democracia na Madeira tem particularidades a ter em conta quando pretendemos avaliar a situação política na Região. Tal como os partidos também aqui são diferentes. E as consequências de atitudes também por cá obedecem a prerrogativas próprias que, vem vistas as coisas, ajudaram a construir esta relação de comandantes e comandados.

A 7 de janeiro, esta próxima terça-feira, por imperativos Constitucionais, o Presidente da República ouve os partidos com assento na Assembleia Regional para uma mera formalidade, uma vez que nada de diferente será revelado que já não seja do conhecimento do Chefe de Estado, ou seja todos os partidos querem eleições. E por isso, vamos ter eleições regionais, em ano se autárquicas, com uma possibilidade de ocorrerem em março e as locais mais para a frente.

A verdade é que num contexto em que os partidos não estão a ser capazes de apresentar projetos que se diferenciem do instituído, é grande a possibilidade de ficar tudo como está, sobretudo se o eleitorado se mantiver na linha das últimas eleições, designadamente dando uma maioria relativa ao PSD-M e uma mensagem clara de um governo de negociação. O eleitorado experenciou essa escolha e correu mal, mesmo muito mal. Nem o PSD conseguiu apaziguar o ambiente, nem a oposição foi capaz de demonstrar uma Frente alternativa e uma capacidade de fazer o que nunca foi feito. Perdeu uma oportunidade histórica precisamente por ter ido com tibiezas e falta de discernimento para não dizer falta de maturidade política. E era, mais do que nunca, ter demonstrado essa maturidade ao eleitorado. Não o fez, perdeu a oportunidade, mais uma.

Face a este quadro político, já analisado vastamente em outros monentos, o eleitorado da Madeira e do Porto Santo não pode ver as próximas eleições como mais umas, mais do mesmo, antes deve assumir, digamos que é um momento em que o sentido de Região e de voto mais precisa de uma decisão forte, uma posição forte, um eleitorado que se coloque à margem da vitimização do Governo e à margem da oposição que fala em alternativa e quando pode "foge" como o "Diabo da Cruz".

O eleitorado tem de decidir em vez de ajudar. O eleitorado não está aqui para ajudar ninguém, embora tantas vezes se comporte como tal. Mas se quiser marcar posição, melhor do que aquela evidenciada pelo Governo e pelos partidos, deverá exercer o voto como se estivesse a decidir, não a ajudar, não a dar um empurrãozinho, não a votar como se, de algum modo, estivesse a reconhecer e a retribuir o que quer que seja. Mas votando para decidir sobre a Madeira e sobre o futuro.

O eleitorado da Madeira está habituado a ajudar. E compreende-se, os políticos pedem ajuda e com tantos anos a pedir ajuda e a ter ajuda, o eleitorado ficou mesmo convencido que as eleições são para ajudar e não para decidir.

Portanto, independentemente das escolhas livres num contexto democrático, era preciso uma preparação, um curso intensivo para o eleitorado, uma reparação de uma certa iliteracia do ato, precisamente para que o próximo quadro governativo possa resultar de uma decisão e não de uma ajuda.

Estaremos, enquanto eleitorado, com uma maturidade para "mudar" de ajuda para decisão? Não sabemos se é ainda possível, é um processo complexo, mas o futuro passa por aí. Só não sabemos quando....

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