Brício Araújo: “O JPP é uma aberração democrática que põe em perigo as mais importantes conquistas do Estado de Direito".
Antes de abordar esta questão dos excessos da dialética político partidária, devo deixar aqui bem claro que, como os mais atentos já devem ter percebido, para mim, neste espaço, é "igual ao litro" ser uma temática do partido A ou o partido B, não tenho reservas nem assuntos inatingíveis. Respeito muito quem faz política, o que não invalida o direito de opinião.
Posto isto, devo dizer que em ano de eleições, este ano de 2023, é importante que os partidos, os líderes, os de segunda e terceiras linhas partidárias, os militantes de base, a quem se exige menos por não terem responsabilidades, mas com um papel importante de escrutínio sobre a forma como se faz política, dentro dos seus partidos, mas também fora, na relação com os outros, todos devem manter a postura, naturalmente com o habitual confronto de ideias, umas vezes mais duro do que outras, mas respeitando-se a si próprios e aos adversários.
Mesmo sabendo que a política baixa é tentadora, porque muitos pensam que compensa a falta de argumentação com o trabalho de casa, aquele que dá trabalho, é importante haver elevação, uma exigência que é tanto mais elevada quanto a preponderância dos protagonistas nas diferentes estruturas dos partidos.
Já se percebeu que Santa Cruz será um polo de atenção, o que em circunstâncias normais até é habitual porque o JPP tem vindo a reunir uma votação que lhe permite a governação autárquica, e o PSD tem essa derrota "atravessada na garganta". Tudo normal, a democracia é assim, uns governam e outros são oposição, todos com a legitimidade que os eleitores conferiram pelo voto, ratificado pelos órgãos competentes sem que se verificasse qualquer atropelo às mais elementares regras da democracia.
Acontece que o Dr. Brício Araújo, deputado do PSD na Assembleia Regional, também presidente da concelhia do partido em Santa Cruz, teve hoje uma declaração deveras surpreendente: “O JPP é uma aberração democrática que põe em perigo as mais importantes conquistas do Estado de Direito".
O Dr. Brício Araújo diz maos: “o poder caiu nos braços do JPP em 2013, há 10 anos, e nestes 10 anos não fizeram nada, não têm obra relevante, e agora estão absolutamente agarrados ao poder que tentam manter de todas as formas...São agressivos e vingativos e usam, de forma saloia, o insulto e a paródia como arma porque são fracos e não têm argumentos. Respiram frustração e raiva. O insulto, a insinuação e a suspeita gratuita são, como sabemos, a arma dos fracos e alimentam movimentos políticos populistas e demagogos..."
Isto é criticar a política em Santa Cruz? Isto é debater os pontos de vista procurando contestar uma governação que o PSD considera não respeitar os tribunais e enganar os munícipes com taxas? É assim, desta forma, que o PSD pretende reconquistar o eleitorado de Santa Cruz considerando que a escolha desse mesmo eleitorado, em duas vezes, foi uma aberração democrática? O Dr. Miguel Albuquerque, presidente do PSD-Madeira, revê-se nesta parte das declarações do Dr. Brício Araújo? Se o JPP, que lidera a Câmara de Santa Cruz "põe em perigo as mais importantes conquistas do Estado de Direito", não será caso para ser o líder do PSD-Madeira, mais do que isso, as instituições democráticas da Região, a accionarem os meios para reparar esse perigo? Se é isso que o Dr. Albuquerque pensa, dito daquela forma, o que tenho dúvidas, então teremos o Dr. Albuquerque a intervir para evitar que estas declarações sejam inconsequentes. É preciso haver alguns limites mesmo em política, o que se aplica a todos os partidos e a todos os políticos. Mas no caso do PSD, neste caso específico, houve um claro excesso de linguagem, que ultrapassa a linha do Estafo de Direito. Não é por aí que o PSD-M vai entregar "bom correio" em Santa Cruz.
Como diz o Dr. Brício "o insulto, a insinuação e a suspeita gratuita são, como sabemos, a arma dos fracos e alimentam movimentos políticos populistas e demagogos..."
Faz o que eu digo, não faças o que eu faço...
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