Presidente da República lança também alertas para a importância de "os dezasseis mil milhões do PRR que temos para gastar nos próximos dois anos, serem mesmo usados"
O Presidente da República deixou uma mensagem de alerta para os Governos, que se ufanam com os feitos e descuram os problemas efetivos dos difíceis tempos da Democracia. Desde logo, Marcelo avisa que "precisamos de menos pobreza, a pobreza, nos dois milhões de portugueses, é um problema de fundo estrutural que a democracia não conseguiu resolver. Precisamos de mais igualdade, social e territorial, precisamos de ainda mais educação, de melhor saúde e de melhor habitação".
Para isso, diz o Chefe de Estado, "precisamos de qualificar mais os recursos humanos, inovar mais, competir com mais produtividade, continuar a antecipar – e bem – no domíniuo da energia limpa, no domínio do digital, na tecnologia de ponta, mas não deixar que se aprofunde o fosso, a distância, entre os jovens que avançam e os que o não podem fazer, entre os jovens que avançam e aqueles de mais de 55, 60 e 65 anos, que, cada vez mais, entram em becos com poucas ou nenhumas saídas".
Mas Marcelo toca num outro ponto importante no atual contexto de apoios no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência. "Precisamos que os dezasseis mil milhões do PRR que temos para gastar nos próximos dois anos, sejam mesmo usados e façam esquecer os seis mil e trezentos milhões que gastámos, que usámos, no mesmo tempo ou ainda maior, até hoje, ou seja, precisamos que Portugal fique mais preparado para enfrentar as aceleradas mudanças na Europa e no mundo.
Precisamos que o bom senso que nos levou a reforçar a solidariedade institucional e até a cooperação estratégica entre órgãos de soberania, nomeadamente Presidente da República e Primeiro-Ministro, prossiga, e que nos levou também a aprovar os Orçamentos de 2024 e de 2025, continue a garantir estabilidade, previsibilidade e respeito, cá dentro e lá fora".
O presidente considera importante "renovar a nossa democracia, não a deixar envelhecer, em juventude, no papel da mulher, no combate à corrupção, na construção da tolerância e do diálogo, na recusa da violência, pessoal, doméstica, familiar e social, na capacidade das forças políticas, económicas e sociais, mas também do sistema de Justiça, mas também na Administração Pública para se virarem para o futuro, para melhor servirem a Comunidade".
Precisamos de afirmar a atualidade da visão universal de Luís de Camões, tão lembrado e a justo título este ano, ser português é ser universal, isto é decisivo na nossa identidade nacional.
"Costumava dizer o Cardeal Tolentino e uma poeta grande, embora discreta, que nos deixou há dias e que vai a enterrar amanhã, que nunca, nunca perdeu nada, nem deitou nada fora ao longo da sua vida. Nós somos assim portugueses, apredemos com tudo e todos, com todos, não temos o monopólio da verdade, e não deitamos nada fora, guardamos para a nossa memória coletiva de séculos.
Como sempre, em 2025, o Povo será o juiz supremo da nossa resposta perante tantos desafios. Desde logo, nas eleições para o Poder Local no fim do ano.
Cinquenta anos decorridos sobre o movimento militar convertido em revolução, a vitória dos moderados nessa revolução, em novembro de 1975, e a coragem dos Capitães de Abril de devolverem, em 1982, o poder pleno ao Povo, para que ele desse vida à Democracia em Portugal, eu acredito na vontade experiente e determinada do Povo Português".
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