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Foto do escritorHenrique Correia

Foi Batista até morrer...



Tantas e tantas vezes o Batista batia à porta dos jornais para divulgar os seus feitos. Foi sempre assim, mais novo, mais velho, mesmo quando definhava na sua vivência solitária




O Batista morreu. Era daquelas figuras irónicas da Madeira, respirava atletismo, vivia para um sonho e passava o dia nesses sonhos que invariavelmente passavam pelos quilómetros e pelo tempo que levava a "devorar" cada corrida como se fosse, ela própria, o alimento da vida.

Tantas e tantas vezes o Batista batia à porta dos jornais para divulgar os seus feitos. Fez não sei quantos quilómetros em não sei quantos minutos, horas. Ele tinha tudo apontado e dizia números, eu é que não me lembro, foram tantos. Sempre que se cruzava com os jornalistas do desporto, era para falar do que correu, do que ia correr, ouvi-o tantas vezes que perdi a conta.

Foi sempre assim, mais novo, mais velho, mesmo quando definhava na sua vivência solitária, era o Batista de sempre. Tantas vezes era um chato de primeira, um chato com o carinho desses tempos em que não custava nada meia dúzia de linhas para ver a cara feliz do Batista, um papelinho numa mão, com os quilómetros, como se fosse um certificado, para ele era isso, certificava mesmo, na outra mão um chocolate, uma caneta ou qualquer coisita que ia oferecendo a quem contribuía para que conseguisse ser, ele próprio, um caso de notícia. E tinha os seus méritos.

Foi feliz à sua maneira. Foi Batista até morrer.


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