José Manuel Rodrigues reforça espírito crítico para o governo de quem é parceiro parlamentar: "A riqueza criada na Madeira não está a ser bem distribuída e persistem desigualdades sociais na nossa comunidade que precisam de ser rapidamente corrigidas".
José Manuel Rodrigues, líder do CDS Madeira, está a falar cada vez mais "grosso" para o PSD de Miguel Albuquerque. Um parceiro incómodo numa altura em que, não tarda nada, será preciso contar votos para o Orçamento de 2025.
Esta quarta-feira, na Comissão Política e Conselho Regional do CDS-PP Madeira, no Auditório da Biblioteca Municipal de Câmara de Lobos, o líder disse mesmo com estas palavras: "E fica desde já o aviso: o CDS só aprovará o Orçamento para o próximo ano se ele trouxer um real aumento do rendimento das famílias, com uma redução de impostos e com uma valorização dos salários e das pensões".
José Manuel Rodrigues, que é presidente da Assembleia com os votos do PSD, não se inibe e continua a onda de pressão ao parceiro: "Ou o PSD e o Governo Regional entendem que a riqueza criada tem que ser distribuída de forma socialmente justa, ou então não terá o voto favorável dos deputados do CDS-PP no Orçamento para o próximo ano. O PSD e o Governo Regional não podem esquecer que só temos um Programa de Governo e um Orçamento aprovados com o voto decisivo dos deputados do CDS-PP e isso deve ser valorizado e reconhecido".
O presidente centrista madeirense desperta a memória dos que porventura possam ter falhas de memória: "O CDS-PP foi decisivo na aprovação do programa de Governo e no Orçamento para este ano, em nome da estabilidade política e da governabilidade, mas estes não são valores absolutos e os compromissos do CDS-PP com os seus eleitores e com o centro-direita são para cumprir".
Por isso "o PSD e o Governo Regional têm que estar conscientes desta realidade: só contarão com o voto do CDS-PP se, ao crescimento económico acrescentarmos desenvolvimento social, reduzindo a pobreza, melhorando a vida dos mais idosos, relançando a classe média e dando boas oportunidades de habitação, de trabalho e melhores carreiras e salários aos mais jovens.
O PSD e o Governo Regional conhecem o nosso caderno de encargos e as nossas propostas, sabem que o CDS-PP faz sempre questão de ser parte da solução e não do problema, mas também sabem que o CDS-PP não abdica das suas convicções e dos seus compromissos com o povo da Madeira e do Porto Santo".
Rodrigues diz que "o CDS vai ser mais exigente porque não nos podemos dar por satisfeitos quando temos 72 mil pessoas em risco de pobreza, quando 20 mil dessas pessoas têm pensões inferiores a 525 euros, quando 17 mil desses cidadãos trabalham e o que ganham não dá para pagar as suas despesas mensais e são pobres porque a inflação na Madeira continua muito alta e quando centenas de jovens não conseguem ter um salário de acordo com as suas qualificações, nem conseguem aceder a uma habitação e são obrigados a emigrar por falta de uma oportunidade.
Não é de hoje que eu alerto para esta situação, faço-o e o CDS-PP desde há 10 anos, e mesmo quando estávamos em coligação com o PSD, tive a oportunidade de, como Presidente da Assembleia, alertar para esta realidade e para a necessidade de fazer com que o crescimento económico da Madeira e do Porto Santo, que é uma evidência, tenha reflexos e corresponda a uma melhor vida para todos os cidadãos.
A riqueza criada na Madeira não está a ser bem distribuída e persistem desigualdades sociais na nossa comunidade que precisam de ser rapidamente corrigidas por forma a mantermos a estabilidade e a paz social".
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