Estará o eleitorado disponível para "aturar" estas birras políticas, do Governo com intoxicação manipuladora da desgraça, e da oposição, com cada um na sua "vidinha" quando já todos deviam ter percebido que na Política, hoje, ninguém vai só seja a que lado for?
Percebe-se a estratégia de Miguel Albuquerque pretender ir para eleições sem demoras. Faz uma leitura sobre o quadro político da Madeira, tem a ideia que dá sempre, dê no que der. Ganhou recentemente, daí para cá o enquadramento não se alterou e, por isso, é grande a probabilidade de dar um resultado semelhante, com a vantagem de, num futuro próximo, atendendo aos tempos das presidenciais, ser maior a permanência do Governo Regional sem outras eleições logo a seguir. Como se sabe, havendo eleições e resultando na mesma instabilidade, a Assembleia não pode ser dissolvida nos seis meses seguintes, sendo que em 2025 dá-se o caso de haver presidenciais e decorre daí um período de transição, o que garante Governo Regional pelo menos até 2026.
Com este cenário pela frente, Miguel Albuquerque está em vantagem, tranca as divergências internas, bloqueia os órgãos do partido, tem a seu favor o fecho, diz que normal, da sede durante quase todo o mês da "Festa", impedindo quaisquer movimentações de eventuais adversários, como por exemplo Manuel António Correia, que já enfrentou todos estes problemas e, mesmo assim, reuniu quase metade do partido. Para quem pretende ser alternativa, parte para um novo embate interno, se acontecer, com alguma base de apoio. Vamos a ver se consegue vencer uma máquina formatada à imagem do líder.
Manuel António não tem carisma, como diz Miguel Sousa para justificar o seu apoio a Albuquerque? Quantos políticos sem carisma foram líderes carismáticos da política portuguesa. Uma mão cheia deles. Por isso, o carisma é relativo, às vezes vem com as vitórias. Mas claro que Manuel António Correia conhece o seu partido e sabe que não será fácil mudar o que está instalado, será preciso um grande foco mobilizador de mudança.
Mas se entendemos esta pressa eleitoral de Albuquerque, já é mais difícil perceber o mesmo desejo de eleições por parte do líder socialista, que sem alterações de políticas de oposição e sem estancar as convulsões internas, espera um outro resultado nas próximas eleições, acreditando que a mudança vai acontecer com concentração de votos no PS e não na divisão de votos por outros partidos, como até agora, onde todos ganharam menos o próprio PS. E se quiser liderar a oposição deve ser, claramente, o maior partido da oposição, deve criar uma onda mobilizadora que chame eleitores. E Cafôfo demora a ter o que já teve.
Já se percebeu que Albuquerque quer ir a votos rapidamente. E se a oposição pretender inverter as tendências dos últimos atos eleitorais, não pode estar dividida e concentrada nos seus "umbigos" à espera que os resultados sejam diferentes. Uma "frente unida", não ideológica mas de perspetiva conjuntural de alternativa, não seria mal pensado, se estruturadada em confiança e credibilidade. Mas claro que na política, de Governo e de oposição, os partidos e os interesses pessoais sobrepõem-se ao coletivo e os egos acabam, quase sempre, por dominar o cenário político, no geral, e parlamentar, no particular.
Não há como encobrir este impasse na vida política da Madeira. E se não houver um "rasgo" qualquer, de uma solução do PSD sem Albuquerque ou de uma união efetiva da oposição, que inspire confiança, o Representante da República não terá outra hipótese que não seja comunicar a Marcelo, que por sua vez não terá outro caminho que não seja dissolver a Assembleia e convocar eleições. Ou seja, mais do mesmo.
A questão que se põe é esta: estará o eleitorado disponível para "aturar" estas birras políticas, do Governo com intoxicação manipuladora da desgraça, e da oposição, com cada um na sua "vidinha" quando já todos deviam ter percebido que na Política, hoje, ninguém vai só seja a que lado for, mandou o eleitorado? Tirando o eleitorado fixo e militante, eleitorado de clube, algum dele ainda vota em Jardim mesmo que as eleições sejam para Marcelo, o outro, o que oscila, por poder oscilar, será capaz de transformar alguma coisa que seja realmente transformadora independentemente desse sentido de voto?
Assim, com políticos "ligados à máquina", a Madeira encaminha-se para o "coma profundo".
Kommentare