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A confusão entre o que é governo e o que é partido "institucionalizou-se"

  • Foto do escritor: Henrique Correia
    Henrique Correia
  • há 15 minutos
  • 3 min de leitura



A cultura do pensamento único, que de forma cirúrgica seleciona os que estão com o líder e os outros, leva a que os partidos, supostamente pilares da Democracia, sejam também potenciadores de "implosão" dessa mesma Democracia.




A deslocação do primeiro-ministro e do Governo ao Mercado do Bolhão para um Conselho de Ministros e com mensagens trocadas com militantes do PSD no sentido de comparecerem no local, num contexto de pré campanha para as eleições legislativas nacionais antecipadas, levantou uma enorme polémica e até surpresa face ao que o povo chamaria de "distinta lata", o mesmo povo que emerge em protesto nas redes ditas sociais, mas que submerge na indiferença e não pesa estes "pequenos" aproveitamentos como se ninguém percebesse nada disto.

Esta iniciativa do Governo/PSD era igual fosse que partido fosse, é um problema do poder que "deita mão" em tudo o que está "ao pé" para um exercício que, não raras vezes, se confunde na sua dialética partidária e governativa. Não devia ser assim, mas é. E nem é um facto novo, é até muito antigo este expediente de aproveitamentos dos meios do Governo para fins partidários. Quem é Governo tem, assim, vantagens substanciais sem com isso tere qualquer penalização eleitoral que leve, pelo menos, a um repensar de estratégia e a um arrepiar caminho de um procedimento que, de tanto vulgar, acabou por se institucionalizar sem ser alvo de escrutínio público. Não conta para nada, conta "só" para tirar vantagens nos meios.

Mas de repente, parece que os fazedores de opinião "acordaram" para o problema. A confusão entre os meios dos governos e os meios dos partidos que os suportam é talvez tão antiga quanto a Democracia, é talvez tão antiga quanto a Autonomia, e é hoje ainda maior, mais descarada diga-se, depois de perceberem que o eleitorado não liga nenhuma a isso, até grande parte gosta e dá jeito. O jeito da cunha e a cunha com jeito fizeram escola na sociedade portuguesa. O meio pequeno é ainda mais visível, toda a gente se conhece, toda a gente sabe quem foi à inauguração, ao comício, às palestras, onde uma eventual ausência das "forças vivas" leva, necessariamente, a uma expurga selecionada e devidamente enquadrada do ponto de vista legal ou de uma questão de confiança política, onde cabe tudo sem grandes contestações.

Luís Montenegro foi questionado, várias vezes, sobre essa confusão no Bolhão, local curiosamente escolhido para campanha pura e dura. Para um Conselho de Ministros, foi surpreendente. Tentou justificar, sem o conseguir face ao óbvio, mas lá aconteceu e de positivo foi mesmo a surpresa que causou. Na Madeira já nem é notícia e há muito tempo, há décadas que isso acontece sem problema, é normal e pouca gente acha que não é. O governo está legitimado para isso e ponto final, não se discute. Estamos em vantagem, aqui já não é notícia. Montenegro tem azar. Nem pode fazer uma reunião de candidatos na sede do Governo que cai tudo em cima. Problemas das grandes cidades que as pequenas não têm. Da próxima, faça um Conselho de Ministros no Mercado dos Lavradores e convoque militantes numa mobilização espontânea. Vai ver que mais resultado e menos alarido. Em Política, também é preciso "saber andar nisto".

Humores à parte e falando muito a sério, a Política e os partidos acabaram por construir um sistema viciado do exercício político. A cultura do pensamento único, que de forma cirúrgica seleciona os que estão com o líder e os outros, leva a que os partidos, supostamente pilares da Democracia, sejam também potenciadores de "implosão" dessa mesma Democracia através de poderes absolutos que deambulam pelas estruturas como sendo propriedade de quem manda.

Enquanto for assim, será tudo uma grande confusão. Para muitos, conveniente...


 
 
 

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