Albuquerque esclareceu que "as mudanças que eu fiz no governo foram mudanças políticas. Nunca por razões de pressão". Luís Miguel Sousa diz que "o meu amigo Sérgio sempre teve a mania da perseguição".
Sérgio Marques, reza a história do PSD-M e da Madeira política, foi jardinista e "declarou guerra" ao jardinismo quando foi secretário de Albuquerque.
A "bomba" que Sérgio Marques fez "rebentar" no PSD Madeira, com declarações mais do que fortes ao Diário de Notícias de Lisboa, sobre influências entre o poder político instituído e o poder económico, as obras desnecessárias que toda a gente tinha a certeza mas ninguém dizia abertamente, a relação com empresários cirurgicamente apoiados e cujo poder e cumplicidade acabam por orientar as políticas de um certo ponto de vista, desde sempre na Região, trocando alguns empresários por outros ao longo destes quarenta anos, tudo isto está a agitar a Região, o PSD Madeira de modo particular, para já não falar nas questões mais profundas de investigação por parte das estruturas competentes para este efeito, sendo que neste contexto o PS-M já disse ser sua intenção apresentar, em sede de Parlamento Regional, uma proposta para a criação de uma comissão de inquérito para avaliar as declarações de Sérgio Marques, antigo deputado europeu, secretário regional de Albuquerque e hoje deputado à Assembleia da República.
Além de tudo o que disse Sérgio Marques e que já reproduzimos em peça anterior, existem outras passagens relevantes que o interesse público apela a registar, designadamente quando diz que a influência do poder económico foi tanta que o próprio PS, na altura, usou como grande argumento contra o PSD. "Foi dizer que o PSD estava aprisionado pelos interesses dos grupos. Isso pesou tanto assim que os grupos viram-se na necessidade de controlar os media regionais".
Curiosa esta preocupação de Sérgio Marques com o controlo dos media quando ele próprio, enquanto secretário regional com a tutela da comunicação social, desencadeou um processo de desmantelamento do Jornal da Madeira, por ser símbolo do jardinismo, num processo que conduziu à "venda", chamemos assim, da publicação a privados, curiosamente a empresários que Sérgio Marques considera terem sido beneficiados, além de que o antigo governante mantinha ligações próximas ao outro jornal da Região enquanto liderava o processo de privatização apressada do matutino ligado ao jardinismo, que no fundo até suportou a maior parte da carreira política de Sérgio Marques.
Mas nesta reportagem no Diário de Noticias de Lisboa, tanto Albuquerque como o empresário Luís Miguel Sousa tiveram declarações curiosas que são importantes referir. Albuquerque esclareceu que "as mudanças que eu fiz no governo foram mudanças políticas. Nunca por razões de pressão". Luís Miguel Sousa diz que "o meu amigo Sérgio sempre teve a mania da perseguição".
Acontece que, neste enquadramento em que os políticos e empresários falam mais para jornais de fora do que para os de dentro, o que pode ser pouco autonómico mas pode ser sintomático - lá sabem porquê - Jardim disse de Calado, presidente da Câmara do Funchal: "Um homem com instinto político" mas com "o defeito de falar muito, dizer coisas tontas como aquela do Exército". Jardim referia-se à proposta de Calado para a tropa patrulhar o Funchal, o que constitucionalmente não era possível. Mas Calado também falou de Jardim, mas foi mais suave: "O Alberto João, bem ou mal, esteve à frente do PSD e do governo durante 37 anos... Há um certo cansaço, há um certo desgaste da imagem pública do próprio Alberto João", considera. Mas, acrescenta, "foi ele quem assinou a minha ficha de adesão ao partido. E hoje é uma pessoa com quem trabalho, com quem me aconselho".
Miguel Sousa, também entrevistado, disse isto: "E [o PSD] ganhou as eleições porque substituiu o Alberto João pelo Miguel Albuquerque. Se o Jardim, na minha opinião, se candidata mais uma vez - e ele próprio sabia -, perdia". Nas "eleições internas no PSD anteriores às da saída dele, a dos seis candidatos, em que Jardim ganha ao Miguel Albuquerque, eu estou convencido de que ele não ganhou, mas o Miguel também não reclamou, não protestou porque sabia que o Alberto João Jardim não se candidatava".
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